sábado, 26 de dezembro de 2009

Toda possibilidade tem escolta das escolhas certas.

Em cima do muro se vê tudo, com detalhes assistidos em alta resolução e câmeras dinâmicas adaptadas pelos nossos olhares curiosos.
O ar de lá de cima é mais puro, menos contaminado, e a sensação de estar iluminado.
Cercado por florzinhas persistentes, perderam até os dentes pra vencer a escalada.
Longe dos carros, das motos, das mortes, dos montes,da superlotação.
Ali é mais seguro, mais seco, mais alto, e ainda bem menos profundo.
A cena acolhedora e atraente, faz com que ninguém tome partida ou escolha o lado errado.
Fica todo mundo em pé, apertado, aconchegado até um ser empurrado.
Daí então a confusão está formada. O muro passa a ser campo de batalha.
Paralelamente os olhos que viam seu redor vislumbrados pela segurança de nada optar, tomam conta do novo alvo a atacar. E lutam. Tomam. Caem. Morrem.
Alguém ao longe observa, sem dizer, só tomando nota do que acontece, em segurança, lá em cima do muro.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Invejáveis os músicos, capazes de sintetizar o que eu levaria um livro ou uma vida pra dizer

A correnteza não ignora as pedras
nem tão pouco é decifrável em seus rumos coletivos
Envolve a terra e acolhe o céu
E por onde passa a mancha muda o dia, nem que seja só um dia.

E quando as folhas decidem cair
Descansam num pouso sem fim,
Embaladas pelo apelo do vento
No acalanto que o mudo lhes dá

Não há transito para os pés descalços
A terra mostra onde pisam os cupins
Obstinados e propensos a escuridão
Chegam ao sol, como que num vulcão

As cores são livres pra pintar o céu e o mar
Os peixes livres pra nadar,
aos pássaros é dado a liberdade de voar
E os gagos, a propriedade de cantar.

Diante de equações, diretrizes e condimentos, nada é tão engavetado
As orelhas continuarão a crescer. O machismo, um dia pára.
Os cabelos continuarão a cair, os preços sempre vão subir
E você vai sim se arrepender.

Por isso saia da internet e vá ver a lua. Ela o estava observando o tempo todo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dipostas e depositadas

Bobas as palavras voam
Como sem esteiras para limitar o pouso
Não há chapéus nos céus
Não há tampa, cobertura ou ponta

Se encadernadas letras postas no papel
Ao olhar atento se deparam e despertam
Tomam as fronteiras e adentram os continentes
Ou simplificando os fatos, dançam ao som de mil trompetes

Ditas, expressas, cantadas, proclamadas ou regurgitadas
São caminhos turvos, os da interpretação
Com intensidade de um vulcão ativo
Podem invadir e passar a habitar onde quiserem

Sem amarras, ou arames farpados, estão todos descalços
Propensos aos dois mil lados
Definitivamente não é quadrado
E não é cedido a ausência da indagação

Como presas em uma grande bolha sem oxigênio
As palavras são apenas massas
Moldadas e que mudam sempre que percepção a alcança
Não há aliança, ou desconfiança que a possa possuir

Quem a manuseia com destreza
Possui sinteticamente o controle da situação
Agora, muito cuidado...Pois vivas, elas sussurram
E nem ao surdos é cedida a liberdade de expansão

Não há coração que não ouça sua própria batida

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cego, surdo e mudo o mundo

Se sincero desespero, logo espero entendimento
E se as palavras pulam em queda livre,
Aguardo pouso e o repouso,
Aguardo alguém para pegar, espero afago

Se o gosto amargo sobe a boca,
Sobrevivo aos deslizes do preconceito, da preocupação
Tomo tento, fico atento, às vezes temo o tempo
Entre a vida e a sobrevida de outros tons

Se as paredes pintam telas brancas
E somados os cantos, a voz embarga em pranto
O quem o qual e a questão se encantam
Embora fixos os sacolejos do desconhecido se desmontam

A sobriedade é a inconsciência da verdade
A timidez, mascara do insulto
A rigidez, conveniente, é pele flácida
E a palavra...ah, esta já não diz muito.

Mudo o mundo muda o rumo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Antes a arte

Arte ou exibicionismo
Expressão ou insatisfação
Cumprimento de metas e tarefas
Somente as pontas dos dedos querendo derreter

Bem mais que um grito aos surdos
Ainda maior que os medos
Mais intensos e sinceros que os votos de união
Sublime como a ultima gota

Sentimento, razão e emoção
A paixão essencial, o tonos e a disciplina
A caminhada incessante em bifurcações
Decisões e disposições

Não falo em quadros e quadrados, não tem pontas
A linearidade é inconstante
Dentro e fora, lados opostos e expostos
Esta tudo a vista, vivo e ardente, mostrando os dentes

Belo ou curioso, não há como se enganar
As apostas foram feitas, veremos o que vai pintar
Gotas borradas, palavras trocadas, melodias sem fim
É tudo a arte, é tudo a vida enfim...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nuo, o índio nu

Pés no chão, fé na terra, instinto voador.
A cura faz-se por mãos calejadas
Reflexo das águas, nos olhos de avelã.
O amor, a função e a fuga, deixam o índio nu.

Sobretudo as aranhas e os arranha céus
Aqui, nada se houve ou se observa.
A natureza esta buscando suas frestas
E o cimento, o cinzeiro e o sangramento, deixam o índio nu.

O sagrado é segredado, e é distinto aos olhos nus.
Emancipação, a antecipação, a sede, a gula, o guia.
A Benção lhe é cedida
O foco, a sorte e a morte, deixam o índio nu.

Sobretudo as pedras e aqui as perdas
Aqui, todo é pequeno ou indigesto.
A natureza esta buscando suas frestas
A fumaça, a carcaça e toda a falta, deixam o índio nu.

Hoje as escadas, as escolas e as escolhas já não o assustam mais.
Maiores que os rios, são os risos e toda a podridão.
A compulsividade, e o impulso, a expulsão e punição.
a decisão tomada e sua dor cristalizada, deixam o índio nu.

Sobretudo as nuvens e as luvas apertadas
Lá e cá, aqui e acolá, não há mais espaço pra se pisar os pés.
A natureza esta buscando suas frestas
Choradores secos, opacos, saudosos, deixam o índio nu.

Descer... Nascer... Crescer... Sair... Lutar... Subir... Tentar... Perder... Querer voltar
Agora jaz, o Índio nu.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ondas andantes

Quando de repente se vê tão a frente do que deve estar, num impulso retrocede.Teme que a função será revista, e que os mais altos Andes facilmente tombariam de alicerces.
A conquista também é a morte de algo que um dia soou ser impossível.
E acima de tudo a morte é causa de arrepios.
A busca constante e visceral, dá lugar a verticalização das ações. As opções e disposições estão atentas para a definição que se dará, mas só se ouve a mesma música



Sebe-se muito bem onde, como e porque chegar tão longe.

domingo, 30 de agosto de 2009

Palavras simples, como a melhor das vistas

Olha lá as rabiolas, tão dançando hoje com o vento
Sinal de chuva ou umidade, a noite será boa!
A casinha branca ta bem ali, limpinha e clara
Vamos contar quantas cruzes tem acesas esta noite?Hoje tem missa lá em cima
Bom dia Bastiana...esta moça era mulher do Benedito, morreu de pinga.
Ta vendo aquela arvore redonda lá atrás...quase onde acaba o mundo
Falou, disse que...
Já te contei sobre o relógio e mar? (já, mas conta de novo)
Quando eu vim pra São Paulo, lá de Pernambuco, não sabia o frio que ia passar
Eu comecei tudo isso aqui...Era só mato, de um lado e de outro
A mocidade toda, eu e sua Avó, trabalhamos muito pra erguer esta igreja..E não foi fácil.
Me chamavam de Tatu...Eu vinha andando no caminho, pra economizar e construir isso tudo...Ficava sempre pelos buracos.
Na Primeira vez que fui no cinema, ainda era menino, com uns 18 anos, assisti o Pelé...Depois disso eles me gozaram muito, me apelidaram de Tatíca, por um errinho de leitura
Eu fazia e vendia doces da doceneira, quando saí de Pernambuco,minha mãe deu-me o que tinha pra que eu pudesse seguir meu rumo e ser feliz
Traz um café na xicrinha azul , meia xicra só.
Eu te amo muito, preta branca amada do vô.



Das muitas histórias e versões modificadas pelo passar do tempo que ouvia, não me esqueço da vista de onde estávamos sempre juntos, que nunca mais será a mesma.
Obrigado por fazer brilhar meus olhos.
Dos seus eu nunca esquecerei
Meu melhor amigo de todos

Eu te amo

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ao que se percebe nem sempre se parece

Esboçando escracho lamentável de seu estado peculiar
Não contente com as impressões e lamentações palpáveis
Subjugando o estado e o status quo, sobressalente aos dentes podres
Todo o tudo fica parco, deficiente, decadente ao que se foi a pouco

Os turbilhões assaltam as entradas, tomam conta do que se deixou faltar
Os alicerces exercem força oposta
Sistematicamente os pulsos vibram a estourar, estão dispersos
A queda é livre.

Convencidos os fatos, tudo se contorce, é a impregnação solicitada
Não há valas para andar por entre os pontos, romperam-se as cordas
Exibe-se em densidade mórbida e crua
Não há mobilidade e as estampas assumem as marcas e as massas

A sensibilidade dribla a sensatez
Os conceitos condenados a velhas bagagens sem dono
Sabotados os eixos e os laudos esquecidos, não se vê respaldo
Não se enxerga um passo.

Subtração...
Soma, mais soma
Multiplicação, então
Divisão
Catarse!

O tempo reina... A passagem é certa, a espera nem tanto assim

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Suposições sem posições

Supondo que as palavras fossem ouvidas ao mesmo tom que proferidas
Que não houvesse impacto que fosse exato
No sim e não, não coubesse o vão
E que certeiras não causassem confusão

Supondo que o tempo não fosse divisa
Que não houvesse dívida, contrariedade ou erosão
Que embriagados viajassemos sem pressa
E que a hora...Esta já não interessa

Supondo que os dedos apontados, fossem caminho
Que a linha fosse reta, a coluna ereta
Sem distração, sem propensão ao desequilíbrio híbrido
Com intenção

Supondo que o desapego não fosse medo
Que nem fosse necessário estar atento
Que apenas o começo não fosse ato de implicância
Que se ouvisse alto, de fato, o ato intacto

Supondo que o silêncio navegasse pelos pêlos
Que cantassem ao mesmo tempo
Que a melodia que o visse, consentisse
Sem o tal do julgamento

Supondo que o suor pudesse ousar não ser discreto
Que o abrigo para o frio pudesse ser completo
Que a vermelhidão não trouxesse a escuridão
Que o calor reinasse ao desatino, sem a suposição

Ainda assim, sim, seria assim.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Entre linhas

Que entrem linhas! Que entre elas... entrelinhas!

O subentendido, o subterrâneo, o subtexto.
A soberba, a sobra, a sombra
Os sinais, os sinos e porque não os cílios?
O suor, o sabor e é só.

A saliva, a saída e a subida
Sem regras, sem portas nem travas
Sem os pontos, sem os passos, sem o que falta
Sem somente isso.

Como o sono, como o solo, como somos
Incansáveis entrelinhas
Preenchidas de variações, indagaçoes, hipóteses e sugestões
Da própria linha
Da vida, da mente e da divisa

O que separa, ou o que une é sempre muro
É sempre mudo, e bem ao fundo... o que contenta
É entrelinha.
O que se entende, o que se sente, e se doente agente ouve o que quiser.