terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dipostas e depositadas

Bobas as palavras voam
Como sem esteiras para limitar o pouso
Não há chapéus nos céus
Não há tampa, cobertura ou ponta

Se encadernadas letras postas no papel
Ao olhar atento se deparam e despertam
Tomam as fronteiras e adentram os continentes
Ou simplificando os fatos, dançam ao som de mil trompetes

Ditas, expressas, cantadas, proclamadas ou regurgitadas
São caminhos turvos, os da interpretação
Com intensidade de um vulcão ativo
Podem invadir e passar a habitar onde quiserem

Sem amarras, ou arames farpados, estão todos descalços
Propensos aos dois mil lados
Definitivamente não é quadrado
E não é cedido a ausência da indagação

Como presas em uma grande bolha sem oxigênio
As palavras são apenas massas
Moldadas e que mudam sempre que percepção a alcança
Não há aliança, ou desconfiança que a possa possuir

Quem a manuseia com destreza
Possui sinteticamente o controle da situação
Agora, muito cuidado...Pois vivas, elas sussurram
E nem ao surdos é cedida a liberdade de expansão

Não há coração que não ouça sua própria batida

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cego, surdo e mudo o mundo

Se sincero desespero, logo espero entendimento
E se as palavras pulam em queda livre,
Aguardo pouso e o repouso,
Aguardo alguém para pegar, espero afago

Se o gosto amargo sobe a boca,
Sobrevivo aos deslizes do preconceito, da preocupação
Tomo tento, fico atento, às vezes temo o tempo
Entre a vida e a sobrevida de outros tons

Se as paredes pintam telas brancas
E somados os cantos, a voz embarga em pranto
O quem o qual e a questão se encantam
Embora fixos os sacolejos do desconhecido se desmontam

A sobriedade é a inconsciência da verdade
A timidez, mascara do insulto
A rigidez, conveniente, é pele flácida
E a palavra...ah, esta já não diz muito.

Mudo o mundo muda o rumo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Antes a arte

Arte ou exibicionismo
Expressão ou insatisfação
Cumprimento de metas e tarefas
Somente as pontas dos dedos querendo derreter

Bem mais que um grito aos surdos
Ainda maior que os medos
Mais intensos e sinceros que os votos de união
Sublime como a ultima gota

Sentimento, razão e emoção
A paixão essencial, o tonos e a disciplina
A caminhada incessante em bifurcações
Decisões e disposições

Não falo em quadros e quadrados, não tem pontas
A linearidade é inconstante
Dentro e fora, lados opostos e expostos
Esta tudo a vista, vivo e ardente, mostrando os dentes

Belo ou curioso, não há como se enganar
As apostas foram feitas, veremos o que vai pintar
Gotas borradas, palavras trocadas, melodias sem fim
É tudo a arte, é tudo a vida enfim...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nuo, o índio nu

Pés no chão, fé na terra, instinto voador.
A cura faz-se por mãos calejadas
Reflexo das águas, nos olhos de avelã.
O amor, a função e a fuga, deixam o índio nu.

Sobretudo as aranhas e os arranha céus
Aqui, nada se houve ou se observa.
A natureza esta buscando suas frestas
E o cimento, o cinzeiro e o sangramento, deixam o índio nu.

O sagrado é segredado, e é distinto aos olhos nus.
Emancipação, a antecipação, a sede, a gula, o guia.
A Benção lhe é cedida
O foco, a sorte e a morte, deixam o índio nu.

Sobretudo as pedras e aqui as perdas
Aqui, todo é pequeno ou indigesto.
A natureza esta buscando suas frestas
A fumaça, a carcaça e toda a falta, deixam o índio nu.

Hoje as escadas, as escolas e as escolhas já não o assustam mais.
Maiores que os rios, são os risos e toda a podridão.
A compulsividade, e o impulso, a expulsão e punição.
a decisão tomada e sua dor cristalizada, deixam o índio nu.

Sobretudo as nuvens e as luvas apertadas
Lá e cá, aqui e acolá, não há mais espaço pra se pisar os pés.
A natureza esta buscando suas frestas
Choradores secos, opacos, saudosos, deixam o índio nu.

Descer... Nascer... Crescer... Sair... Lutar... Subir... Tentar... Perder... Querer voltar
Agora jaz, o Índio nu.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ondas andantes

Quando de repente se vê tão a frente do que deve estar, num impulso retrocede.Teme que a função será revista, e que os mais altos Andes facilmente tombariam de alicerces.
A conquista também é a morte de algo que um dia soou ser impossível.
E acima de tudo a morte é causa de arrepios.
A busca constante e visceral, dá lugar a verticalização das ações. As opções e disposições estão atentas para a definição que se dará, mas só se ouve a mesma música



Sebe-se muito bem onde, como e porque chegar tão longe.