quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Silenciosamente vem a insônia

Eu vi nascer no meio de uma nuvem negra
Onde nenhum nada escorria nunca
Mudei caminhos inverti os rumos
E as estradas cheias derramaram os muros

Entrei nas portas antes só pintadas
Sem saber ao certo aonde chegaria
Saltei caminhos, percorri sozinha
E a noite escura parecia longa

Chorei tristeza num rio desembocado
Numa correnteza que escorria fina
Pensei bem, era melhor assim
Antes o menor do que somente o fim

Ouvi um assobio, levei um susto e suspirei
Daí então veio a insônia e quando o sono veio eu não sonhei
Tomei tento, tive medo, estremeci
E o passar do tempo se perdeu nos dedos quando percebi

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Time over

Pequena introdução de um futuro projeto...Aguardem!!!

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Não tive tempo de brincar em minhas pernas rodopiantes e nunca me cederam assentos reservados.
Meus cabelos não caíram. Nem mesmo branco eles ficaram.
Minha pele não ficou flácida e meus hábitos tão duros.
Não dei sermão aos que vieram, nem deixei dominar servindo de cavalinho aos pequenos deles.
Não me reconciliei após muitos anos e não perdoei.
Minhas mãos não acariciaram e acolheram o ultimo suspiro de meu velho pai.
Não joguei, não bebi, nunca fumei. Não tive vícios.
Nos corpos quentes de mulatas, nunca me perdi.
Não tive filhos.
Não encontrei meu grande amor e nem sofri por um pequeno.
Nada doei, não reciclei. Nada escolhi.
Não fui demitido.
Não fui cuspido na cara, nem chamado de estúpido.
Não molestei, não julguei quem o fez.
Não tive tempo pros sete pecados.
Não vibrei com o time do peito.
Eu nem sei jogar futebol.
Não me formei doutor, nem estudei.
Não paguei pensão alimentícia após aquela curta noite de bebedeira.
Não fui fiel. Mas não me julgue, eu também não traí.
Nunca fiquei bem com roupas caras e nem com a cara suja e trapos velhos.
Não fiz piada de sogra, nem adorava o seu doce de abobora.
Livrei-me de multas e sinais vermelhos. Não conduzi.
Não fiz lipoaspiração, nem sequer pintei os cabelos.
Não tive outras mulheres, além daquelas que nunca tive.
Não viajei com os amigos.
Não fui naquele acampamento, nem fui jogado na piscina.
Eu não pichei.
Não azarei as gatinhas e posso dizer que nenhum fora levei.
Não li Jung, Freud nem Voltaire. Também não cabulei suas aulas.
Não tive crise de personalidade nem cantei numa banda.
Não dei uma flor que foi beijada por outro.
Não perdi a virgindade.
Não questionei o que você me disse, não discordei.
Nunca perdi a hora, nem o trem, nem ninguém.
Não raspei o cabelo, pintei a cara ou vibrei com o resultado do vestibular.
Eu nem prestei.
Meu skate nunca me deixou cair, e eu não chorei.
Não troquei de namorada e nunca me trocaram também.
Não quebrei o braço a perna nem a cara.
Não fui a missa.
A escolha entre ela ou os amigos, nunca foi pedida: Graças a Deus!
Não fiz teatro.
Meus padrinhos não me levaram ao parque.
Então não escolhi o sorvete.
Não fui dormir na casa do meu melhor amigo.
Eu não beijei minha prima. Juro!
Não brinque de carrinho, bola, balão ou fiz pipa.
Eu não corri.
Não fiz primeira comunhão, nem fui benzido.
Papai não fugiu de casa.
Não vi vocês brigarem e não tive um irmãozinho.
Meu quarto não é azul.
Não cai de bicicleta.
Caraca! Eu nem tive catapora.
Não tive notas baixas, não briguei com o professor.
Não comi no Mc’ Donalds.
Não joguei papel no chão.
No domingo, na casa da minha vó não tinha macarrão.
Não dormi no carro.
Não fui paparicado, bajulado ou me embalado.
Não quis chupeta.
Não dei meus primeiros passos e os meus dentinhos nunca nasceram.
Eu não gorfei.
Não me chamaram de lindinho, tchutchuquinho ou nhemnhemnhem.
Não morderam meu pezinho, não me fizeram cócegas.
Não te reconheci pela voz, nem gargalhei pra vovó.
O papai não me jogou no ar.
Não vi. Não ouvi. Não falei. Não chorei.
Desculpa mamãe. É que acabou cedo demais.